quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O MILAGRE DOS 5%

Disseram que eu não estava me desenvolvendo no útero de minha mãe após verificação da Translucência Nucal (TN). Nasceria com Síndrome de Turner. Aflita, mamãe procurou outros médicos para comparar opiniões e confirmaram o mesmo diagnóstico. Eu não nasceria perfeita. Tinha 5% de chance apenas. Meus pais, meus avós e meus parentes sofreram e choraram, sem nunca deixarem de demonstrar amor.
Mas o que é a perfeição? A perfeição está nas características físicas de um ser? É condição “Sine Qua Non” para ser desejado, bem cuidado e amado? Não parecer “perfeito” segundo opiniões de terceiros é motivo digno de uma sentença de morte? Pois foi isso que os médicos aconselharam minha mãe fazer. O que não parece perfeito não merece viver, nem que seja por apenas algumas horas, alguns dias ou alguns meses... Nessa hora penso nos milhões de habitantes do planeta Terra. Quantos não merecem viver? Na verdade, todos, porque a perfeição não é desse mundo. No entanto, existem muitos por aí, espalhando maldades, venenos, intrigas, desamor... Para não desanimarmos, ainda reconhecemos os esforços de alguns que tentam ser pessoas bondosas e honradas em um mundo turbulento.
Porém, surgiu um raio de esperança, guiado pela incansável força e amor de minha mãezinha e de todos que já me amavam antes mesmo de eu nascer. O amor foi tanto e Deus foi tão bondoso conosco, que para espanto e incredulidade daqueles que me condenaram, um novo diagnóstico foi detectado na amniocentese. Eu estava me desenvolvendo e nasceria em perfeito estado de saúde.
Minha mãezinha e toda a minha família e parentes encheram-se de regozijo e louvaram a Deus, como mais uma prova de fé e esperança. Na madrugada de 08 de agosto de 2016, minha mãe passou mal e foi levada ao hospital, onde se internaria somente mais tarde para eu nascer às 18 horas. Nasci antes e fui direto para a UTI. Um susto, porque nasci com um problema nos pés e nas mãos, uma deformidade, que leva ao diagnóstico de alguma síndrome, que para ser identificada necessitei passar por alguns exames. Todos se indagaram: mas o exame de amniocentese não detectou nenhum problema! Talvez porque minha mãe precisasse não saber, não sofrer por antecedência e assim, ter uma gestação tranquila; talvez porque eu precisasse ser desejada e amada por meus pais e por toda a minha família. Talvez porque eu precisasse apenas nascer e ver o mundo. Talvez eu precisasse lutar para viver, para depois ver o sorriso de minha mãezinha e de meu papai.
Perfeita? Nasci tão perfeita que Deus me levou logo para o mundo Dele.  E aconselho a todos que aqui permanecem a agradecer todos os dias pela oportunidade de pelo menos, tentar serem perfeitos. Porque, acredito nisso como verdade: “o objetivo do homem na Terra, é ser humano”. Meu nome é Helena. Nasci no dia 08/08/16 e vivi 44 dias na Terra.


Por: Denise Constantino (Tia-avó de Helena)

23/09/16