Disseram que eu não estava me
desenvolvendo no útero de minha mãe após verificação da Translucência Nucal
(TN). Nasceria com Síndrome de Turner. Aflita, mamãe procurou outros médicos
para comparar opiniões e confirmaram o mesmo diagnóstico. Eu não nasceria
perfeita. Tinha 5% de chance apenas. Meus pais, meus avós e meus parentes
sofreram e choraram, sem nunca deixarem de demonstrar amor.
Mas o que é a perfeição? A perfeição
está nas características físicas de um ser? É condição “Sine Qua Non” para ser
desejado, bem cuidado e amado? Não parecer “perfeito” segundo opiniões de
terceiros é motivo digno de uma sentença de morte? Pois foi isso que os médicos
aconselharam minha mãe fazer. O que não parece perfeito não merece viver, nem
que seja por apenas algumas horas, alguns dias ou alguns meses... Nessa hora
penso nos milhões de habitantes do planeta Terra. Quantos não merecem viver? Na
verdade, todos, porque a perfeição não é desse mundo. No entanto, existem
muitos por aí, espalhando maldades, venenos, intrigas, desamor... Para não
desanimarmos, ainda reconhecemos os esforços de alguns que tentam ser pessoas
bondosas e honradas em um mundo turbulento.
Porém, surgiu um raio de esperança,
guiado pela incansável força e amor de minha mãezinha e de todos que já me
amavam antes mesmo de eu nascer. O amor foi tanto e Deus foi tão bondoso
conosco, que para espanto e incredulidade daqueles que me condenaram, um novo
diagnóstico foi detectado na amniocentese. Eu estava me desenvolvendo e
nasceria em perfeito estado de saúde.
Minha mãezinha e toda a minha família e
parentes encheram-se de regozijo e louvaram a Deus, como mais uma prova de fé e
esperança. Na madrugada de 08 de agosto de 2016, minha mãe passou mal e foi
levada ao hospital, onde se internaria somente mais tarde para eu nascer às 18
horas. Nasci antes e fui direto para a UTI. Um susto, porque nasci com um
problema nos pés e nas mãos, uma deformidade, que leva ao diagnóstico de alguma
síndrome, que para ser identificada necessitei passar por alguns exames. Todos
se indagaram: mas o exame de amniocentese não detectou nenhum problema! Talvez
porque minha mãe precisasse não saber, não sofrer por antecedência e assim, ter
uma gestação tranquila; talvez porque eu precisasse ser desejada e amada por meus
pais e por toda a minha família. Talvez porque eu precisasse apenas nascer e
ver o mundo. Talvez eu precisasse lutar para viver, para depois ver o sorriso
de minha mãezinha e de meu papai.
Perfeita? Nasci tão perfeita que Deus me
levou logo para o mundo Dele. E
aconselho a todos que aqui permanecem a agradecer todos os dias pela
oportunidade de pelo menos, tentar serem perfeitos. Porque, acredito nisso como
verdade: “o objetivo do homem na Terra, é ser humano”. Meu nome é Helena. Nasci
no dia 08/08/16 e vivi 44 dias na Terra.
Por: Denise Constantino (Tia-avó de
Helena)
23/09/16