terça-feira, 27 de dezembro de 2016

SER PRESTATIVO

“A verdadeira caridade é o desejo de ser útil aos outros sem pensar em recompensas...”

            Ser prestativo... Sabemos o que é isso?

            Quantas vezes já ouvimos a frase: “você não presta pra nada!” Essa frase não soa nada agradável aos nossos ouvidos. Cito aqui o maior exemplo de presteza, de gentileza e de caridade: Jesus Cristo. Jesus parou o que estava fazendo e humildemente, foi lavar os pés de seus discípulos, o que pode ser comprovado em João 13:3-10. Mesmo tendo todos aos seus "pés", Ele despiu-se de sua posição de líder, de sua posição de filho de Deus e foi ser servo. Isso é humildade. Ser prestativo nada mais é que ser humilde. É tirar a máscara do orgulho, da arrogância e do egoísmo e servir a alguém que precisa de nossa ajuda, de nossa generosidade, de nossa gentileza. E por falar em gentileza, de acordo com o artigo na “Isto É” (Por que ser gentil vale a pena), estudos mostram que gentileza traz felicidade a quem pratica. E só posso chegar à seguinte conclusão: se fizermos o bem aos outros, os outros ficam felizes e a felicidade é contagiante, é uma condição que chega às pessoas em uma cadeia de bons gestos. Esse é o segredo da felicidade. Muitas pessoas, vítimas das dificuldades do dia a dia, da correria da vida urbana, usam isso como desculpa para não praticarem a gentileza; trancam-se em si mesmas e em seus problemas, como se fossem os únicos sofredores nesse mundo. Porém, o que todos nós devemos entender é que vivemos conectados e que o humor de um interfere no humor do outro. Quando entramos em uma loja todos nós queremos ser bem atendidos, que o atendente seja prestativo e gentil e o que fazemos ao outro é o que queremos que nos façam, concordam? É a lei do retorno. O que fazemos ou o que não fazemos hoje nos será cobrado amanhã. E isso não é religião, é ciência, é Física, é a lei de ação e reação. Ser gentil e prestativo, ter boa vontade é melhorar-se como ser humano. Então, porque não ajudar nos serviços domésticos, seja homem, mulher ou adolescente? Por que não lavar a louça que lhe serviu a comida? Por que não levar o lixo para fora? Por que não limpar o quarto onde dormiu? Por que não ajudar uma pessoa mais velha a carregar bolsas de compra ou a atravessar a rua? Ou mesmo um cãozinho assustado... Por que não? Por que não arrumar a bagunça do armário? Por que não reabastecer a geladeira de água após beber a última gota, porque o outro também terá sede? Porque a mãe, a avó, o colega, a empregada, o irmão ou a irmã, ou o outro farão por nós? O senso de utilidade caminha junto com a gentileza e com a presteza e nos faz mais saudáveis e felizes. Então, criemos uma nova mentalidade, uma nova consciência em 2019, sejamos mais gentis, mais prestativos, tenhamos mais boa vontade para com o próximo e assim poderemos construir os alicerces de uma vida plena e feliz.

Feliz Ano Novo, esperança de um mundo melhor.

Por: Denise Constantino


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

CONCURSO DE CONTOS DE SÃO JOÃO MARCOS 2016


Muito feliz com o 4º lugar. Primeira vez que participei e depois de pesquisas na internet, nasceu Um Amor Submerso, um romance passado em São João Marcos, na época de sua destruição. Em breve, publicarei o conto.

BOATOS NÃO!

Como se não bastasse a falta de decência; o país em falência; as pessoas sem paciência... O povo desempregado, desolado, sentindo-se encurralado e decepcionado (desculpem tantas rimas), agora também tem palhaçada. Mas não é do tipo que nos faz rir, não. É do tipo que aterroriza, mais do que já estamos aterrorizados. Não bastam os terrores de todo dia, que são notícias e que nos assombram? São governantes ladrões, bandidos e corruptos; Estados falidos; milhões de desempregados; trabalhadores sem salários; saúde e educação decadentes; PECs sem noção; ter de trabalhar até morrer, isso se o mercado de trabalho abrir as portas para os idosos; assistir pessoas que oprimidas pela perseguição e guerra, saem de seus países, buscando uma nova chance de sobrevivência, onde possam viver em paz, e que acabam morrendo nos mares ou são tratados como lixos humanos; o preconceito; a xenofobia; o racismo; a homofobia; assaltos; sequestros; assassinatos cruéis; os abusos em mulheres e crianças; as crianças feridas que nem conseguem chorar, vítimas de guerras civis sem fim; a destruição do nosso planeta pela ambição dos homens; a fome; as doenças; a dengue; chikungunya; a zika... Não, não quero essa zika para minha vida. Não precisamos de palhaços assassinos; de ETs invasores, sugadores de cérebros; de furações e ciclones e tsunamis; de ataques de macacos doentes; de teorias de conspiração; de choque de asteroide... Não precisamos de mais desgraças, já temos um estoque considerável e que nos ocupa o bastante, tentando encontrar um meio de lidar com tudo que vem acontecendo, realmente.
Chega de boatos, de notícias sensacionalistas. Falsas informações podem levar ao pânico e até mesmo a crimes e acidentes ou mortes. Observa-se que o que é negativo sempre rende mais, a ansiedade por informação é grande, pois o imediatismo impera em nosso mundo, por isso os boatos se disseminam nas mídias sociais e ganham uma importância desnecessária. E para esses que acham que a vida está muito sem graça e inventam essas historinhas macabras para terem mais emoção em suas vidas vazias, digo que saiam por aí para ver desgraça verdadeira e sua vida insossa e monótona se transformarão em pura emoção.
E para os que, no primeiro instante, acreditam nessas informações duvidosas, tenham bom senso e busquem fontes oficiais, questionem, não supervalorizem informações enviadas pelas mídias sociais e na dúvida, não repassem, não espalhem, pois só assim não estarão contribuindo com aqueles que se comprazem em espalhar pânico.


Por Denise Constantino

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

CONFLITO DA VERDADE


Tenho percebido há algum tempo, desde que faço parte dessa sociedade formada no planeta Terra, principalmente nos grupos mais próximos, como trabalho, família e amigos, que as pessoas se revoltam porque não conseguem mudar uma situação que gostariam fosse de outra maneira, porque segundo suas convicções, acham que é a correta. Mas nem tudo que convém a um, convém ao outro. Isso parece tão óbvio, porém, gostaria de penetrar mais nas profundezas dessa problemática, buscando um entendimento de alguns conflitos que tanto passamos. Ninguém gosta de ser tolhido, porém, muitas vezes somos obrigados a não sermos tão verdadeiros a fim de sobrevivermos. Isso é uma agressão ao nosso eu. O que seria de nós se fôssemos totalmente sinceros e despejássemos nossos mais íntimos pensamentos? Sobreviveríamos nesse mundo ou seríamos internados como loucos ou presos como transgressores? Se analisarmos profundamente, nessa vida estamos sempre representando. Em casa somos filhos(as); esposos(as); pais; irmãos(ãs); cunhados(as) e outros. No trabalho somos empregados ou patrões e temos de fingir sorriso em situações que muitas vezes nos desagradam e contrariam nossos princípios. Em qualquer momento de nossas vidas temos de ser um. E talvez por isso vivamos sempre em conflito conosco mesmos e com o mundo, porque estamos em busca do nosso eu, que perdemos em alguma esquina de nossas vidas, de tanto que representamos. Creio que é dessa busca incessante que vem o conflito interior e o fato de não nos ajustarmos acaba causando o conflito com o mundo em que vivemos.
Acho que a busca de felicidade também está ligada ao fato de nos mantermos oprimidos na sociedade, escondendo nossos sentimentos, toda a verdade que habita nossa alma. A verdade, nem sempre é compreendida e por isso machuca e dói. Nem todos estamos preparados para ouvi-la e aceitá-la. Pode ser o orgulho que nos contamina, esse defeito que não nos deixa aceitar e enxergar a verdade. Dizer ou viver o que vai contra a cultura formada por determinada sociedade pode nos trazer sérias complicações, como ser tachado de louco ou transgressor, até mesmo porque atribuir essa não aceitação à loucura não deixa de ser uma desculpa para quem não tem argumentos. Por outro lado, a verdade pode nos prejudicar, uma vez que deveria fazer parte de tudo o que nos rodeia, estar presente em tudo que pensamos e fazemos? Há também o fator de que o que acreditamos ser verdade para nós, pode não ser verdade para os outros. Não questionar isso seria prepotência; assim como pode parecer prepotência ser demasiado sincero ou ser caricaturado se não for. Já pensaram em como seria o mundo se fôssemos todos totalmente honestos, sinceros e verdadeiros? Afinal, já foi provado que o povo gosta da mentira, não vive sem ela, uma prova é que os políticos demagogos continuam sendo reeleitos. E quem nunca contou uma mentirinha sequer, que atire a primeira pedra.
Para terminar, afirmo que este artigo é somente um desabafo de meus pensamentos, não sou dona da verdade, quero somente meu eu de volta, para poder ser eu mesma em todos os setores e momentos de minha vida, sem machucar e sem ser considerada louca. Transgressora, sim. E vocês?
"O homem é bom, o que o corrompe é a sociedade" (Russeau)


Por: Denise Constantino da Fonseca

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O MILAGRE DOS 5%

Disseram que eu não estava me desenvolvendo no útero de minha mãe após verificação da Translucência Nucal (TN). Nasceria com Síndrome de Turner. Aflita, mamãe procurou outros médicos para comparar opiniões e confirmaram o mesmo diagnóstico. Eu não nasceria perfeita. Tinha 5% de chance apenas. Meus pais, meus avós e meus parentes sofreram e choraram, sem nunca deixarem de demonstrar amor.
Mas o que é a perfeição? A perfeição está nas características físicas de um ser? É condição “Sine Qua Non” para ser desejado, bem cuidado e amado? Não parecer “perfeito” segundo opiniões de terceiros é motivo digno de uma sentença de morte? Pois foi isso que os médicos aconselharam minha mãe fazer. O que não parece perfeito não merece viver, nem que seja por apenas algumas horas, alguns dias ou alguns meses... Nessa hora penso nos milhões de habitantes do planeta Terra. Quantos não merecem viver? Na verdade, todos, porque a perfeição não é desse mundo. No entanto, existem muitos por aí, espalhando maldades, venenos, intrigas, desamor... Para não desanimarmos, ainda reconhecemos os esforços de alguns que tentam ser pessoas bondosas e honradas em um mundo turbulento.
Porém, surgiu um raio de esperança, guiado pela incansável força e amor de minha mãezinha e de todos que já me amavam antes mesmo de eu nascer. O amor foi tanto e Deus foi tão bondoso conosco, que para espanto e incredulidade daqueles que me condenaram, um novo diagnóstico foi detectado na amniocentese. Eu estava me desenvolvendo e nasceria em perfeito estado de saúde.
Minha mãezinha e toda a minha família e parentes encheram-se de regozijo e louvaram a Deus, como mais uma prova de fé e esperança. Na madrugada de 08 de agosto de 2016, minha mãe passou mal e foi levada ao hospital, onde se internaria somente mais tarde para eu nascer às 18 horas. Nasci antes e fui direto para a UTI. Um susto, porque nasci com um problema nos pés e nas mãos, uma deformidade, que leva ao diagnóstico de alguma síndrome, que para ser identificada necessitei passar por alguns exames. Todos se indagaram: mas o exame de amniocentese não detectou nenhum problema! Talvez porque minha mãe precisasse não saber, não sofrer por antecedência e assim, ter uma gestação tranquila; talvez porque eu precisasse ser desejada e amada por meus pais e por toda a minha família. Talvez porque eu precisasse apenas nascer e ver o mundo. Talvez eu precisasse lutar para viver, para depois ver o sorriso de minha mãezinha e de meu papai.
Perfeita? Nasci tão perfeita que Deus me levou logo para o mundo Dele.  E aconselho a todos que aqui permanecem a agradecer todos os dias pela oportunidade de pelo menos, tentar serem perfeitos. Porque, acredito nisso como verdade: “o objetivo do homem na Terra, é ser humano”. Meu nome é Helena. Nasci no dia 08/08/16 e vivi 44 dias na Terra.


Por: Denise Constantino (Tia-avó de Helena)

23/09/16

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O MITO DAS BRUXAS

   Foto:www.cranik.com

O cristianismo foi declarado religião oficial do Império Romano (logo eles que trucidaram cristãos nas arenas), por motivos meramente políticos. Porém, ele não atingiu todas as classes da população, apenas àqueles que viviam na parte urbana. Os que viviam nos campos, longe das zonas de comércio e ensino, eram maioria, e permaneceram fiéis aos seus antigos deuses, o Deus de chifres e a Deusa-mãe, e por isso receberam o nome de pagãos. Pagão significa “morador do campo”. O poder de manipulação, domínio e intriga dos poderosos do cristianismo estavam crescendo a cada século e uma de suas estratégias para destruir com as festividades pagãs, foi incorporá-las às suas comemorações religiosas, como: o festival de solstício de inverno que comemorava o nascimento do Deus-Sol, passou a ser o Natal; o festival de Samhaim, comemoração aos mortos, passou a se o Dia de Todos os Santos ou Finados. Apossaram-se também de locais sagrados da Antiga Religião e levantaram igrejas cristãs. Os Deuses foram transformados em santos. O culto Á Virgem Maria veio da importância da Deusa-mãe. Alguns pagãos se renderam à nova religião, outros se mantiveram fiéis à Antiga Religião. Com o tempo, o que restou da religião se misturou à magia popular e práticas do xamanismo dos povos bárbaros, que consistia em feitiços feitos com uso de ervas, bonecos, com intuito de curar, atrair boa sorte, amores e até para fins nada nobres. Para acabar totalmente com o paganismo, os cristãos, liderados pelos poderosos papas e padres, atribuíram aos deuses pagãos a personificação do mal. Os deuses agropastoris Pã e Silene, dotados de chifres e cascos de bode, foram denominados como satã, visto que os cristãos ainda não tinham uma forma para dar ao antagonista do Deus cristão. Para acabar de uma vez por todas com os que se opunham à igreja, formou-se o tribunal da santa inquisição, num tempo chamado de Era das Fogueiras. As primeiras vítimas foram os gnósticos, os cátaros e os templários. Como ainda existiam cultos aos deuses antigos, aproveitaram para, através de acusações de canibalismo e outras, levarem os pagãos, que chamaram de bruxos, às fogueiras, não antes de torturá-los das formas mais brutais possíveis. Além de pagãos, também foram caçados os doentes mentais, homossexuais, pessoas invejadas pelos poderosos, mulheres velhas e solitárias. As mulheres eram despidas e tinham o corpo revistado várias vezes em busca de uma suposta “marca do diabo”. Eram açoitadas, marcadas a ferro, violentadas, e por fim, condenadas como bruxas, eram queimadas vivas. Também passavam pela prova da água, em que os inocentes boiariam, então muitos também morriam afogados. Anciãs que moravam com gatos também eram declaradas feiticeiras, daí a ligação dos gatos com as bruxas. Em relação às mulheres, que foram as maiores vítimas da inquisição, nota-se que essa perseguição também foi mais uma forma de discriminação e preconceito pelo sexo feminino. E, mais estranho, isso tudo veio de uma religião que se dizia “de amor”. Até mesmo os protestantes não perdoaram. Por causa disso, os ditos pagãos passaram a viver na clandestinidade e ainda hoje acredita-se nas bruxas da Branca de Neve e João e Maria. Não serão apenas caricaturas impostas pela discriminação e intolerância dos poderosos que moldaram à moda deles uma religião que deveria ser de amor? Na verdade, a bruxaria consiste em extrair da natureza tudo o que precisamos para ser felizes. As bruxas são simplesmente mulheres conscientes do seu poder e detentoras de segredos mágicos capazes de ajudá-las a transformar a realidade segundo seus desejos. Você que é mulher, se identificou?

Por: Denise Constantino

Fonte: Revista História Viva nº 35 Ano III / www.casadobruxo.com.br

terça-feira, 13 de setembro de 2016

A MULHER DE PÉ


             Eu juro que ela existiu. Juro que a conheci.
                        Tudo começou quando ela completou cinquenta anos. Fez questão de dar uma festa de arromba e convidou todos os parentes e amigos. Até aquele momento, sentia-se bem fisicamente, saudável, ainda com vigor para muitas tarefas. Passaram-se seis meses e os entraves começaram. Toda vez que ela se sentava, ficava incomodada. Virava de um lado, virava de outro; mexia-se mais do que peixe fora d’água. Levantar-se tornou um tormento, um sofrimento, os pés doíam quando tocavam o chão; os quadris se entortavam; as pernas não obedeciam; as costas se encurvavam de dor. Foi ao médico e os exames não acusaram nada. Diziam que era normal para a idade, apesar de que hoje em dia, uma pessoa com cinquenta anos ainda tivesse muito o que viver.    Então, resolveu mudar de atitude por ela mesma. Não se sentou mais. Passou a viver de pé ou deitada, para dormir. Como? Simples: fazia tudo de pé. Quando ia à igreja, assistia à missa em pé. Quando utilizava ônibus... viajava em pé. Espera em consultório médico... em pé. Trabalhava em pé. Nas palestras... de pé.
__ Sente-se, senhora. Há lugar disponível.
__ Não, obrigada. Prefiro ficar de pé.
            Quando ela começou a se sentir incomodada também de pé, resolveu caminhar. Caminhava sempre: de manhã, à tarde e à noite. Só se deitava para dormir. Só parava para se alimentar e ir ao banheiro.
            Quando caminhar passou a incomodá-la, começou a correr. Corria de manhã, à tarde e à noite. Participava de todas as maratonas e corridas de competição, mas não para ganhar, apenas para estar correndo.

            E quando não podia mais ficar de pé, nem caminhar e nem correr, ela finalmente se deitou e nunca mais se levantou.

Por: Denise Constantino

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

HAIKAISEANDO


Já está no site do Clube dos Autores o livro Haikaiseando, o primeiro dentre muitos que desejo publicar. Ou, diretamente com a autora. Apenas 15,00. Contate: decof@uol.com.br.


                                                                         Sinopse


HAIKAISEANDO é a junção de HAIKAI + DESENHANDO. Com este livro, o leitor poderá desfrutar haikais diversos na forma aportuguesada desse estilo, ou algo parecido, no caso, uma versão particular dessa poesia minúscula que foi desenvolvida no Japão . A ideia é abstrair, divertir-se, sonhar, imaginar, criar e expressar através de desenhos sua percepção dessa pequena poesia, porém, tão significativa.

Categorias: PoesiaLiteratura Infanto JuvenilEntretenimento 


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O QUE É A FELICIDADE?

      Muito se tem discutido sobre o que realmente é a felicidade, e até hoje, pouco se descobriu, ou nada. Ninguém encontrou uma resposta definitiva, concreta, considerada como verdadeira e absoluta, que pudesse satisfazer todos os afoitos em saber o sentido dessa palavrinha mágica, ou, desse sentimento tão cobiçado e pouco conhecido. Muitos falam que é um estado de espírito; outros falam que é a realização de todas as nossas necessidades, em todos os fatores de nossa vida, como: ter um bom trabalho, com um bom salário; uma casa, uma família; ter bens materiais; fama, sucesso e poder; inexistência de problemas; um amor; ajudar o próximo etc. Uma vez perguntei a uma colega de trabalho, o que seria felicidade para ela e a resposta foi: comer. Então, acredito que felicidade seja uma situação relativa, cada um tem seu conceito sobre ela. Somando todos esses fatores, a felicidade se basearia em possuir um conjunto formado pelo material, emocional e o espiritual, este último muitas vezes não reconhecido por alguns estudiosos do assunto.
      Segundo Abraham Maslow, o ser humano vive para satisfazer suas necessidades, que ele classificou em uma pirâmide. O objetivo é chegar ao topo (auto-realização), quando o indivíduo atingiria a plenitude de sua vida, tendo todas as suas necessidades atendidas.
É a busca da satisfação dessas necessidades que motiva as pessoas a seguirem em frente, galgando os vários degraus da existência. Parece uma busca interminável, porque assim que uma necessidade é satisfeita, surge outra. Fica o desafio então, se chegarmos ao topo – na auto-realização, alcançaremos a tão sonhada felicidade? E o que acontece depois? Paramos? Morremos?
   Facilmente, podemos achar que a felicidade não é desse mundo, pois parece algo inatingível. Ou, parece algo transcendental. O que a vida nos oferece são momentos de alegria e que nos dá, momentaneamente, uma sensação de felicidade. Acredito que antes de atingirmos algo que pareça transcendental, devemos praticar o autoconhecimento (“conhece a ti mesmo”- Sócrates). Na verdade, a vida não é um problema, é um desafio e o maior desafio de todos é, justamente, conhecer profundamente a nós mesmos. Não sabemos ainda por que estamos aqui e para quê. Como então podemos desvendar os mistérios de tão intensa plenitude? Em vez de ficarmos achando que a felicidade se encontra em fatores externos, não deveríamos olhar para dentro de nós, acreditando que é lá que estão as respostas para nossas aflições, angústias e insatisfações? Como disse Thomas Hardy: “A felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso que fazemos do que temos.” E você, já encontrou sua felicidade?

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

OS SERES ÍNDIGOS

Elas estão em todas as partes do planeta e apresentam determinadas características consideradas especiais. Sua estrutura cerebral se difere devido à utilização simultânea do hemisfério esquerdo e direito, sendo o direito o de maior atividade. O número delas no planeta vem aumentando desde os anos 80, e muitos deles já estão adultos e idosos.
São intuitivas, inteligentes, sensitivas, e possuem grande facilidade para compreender a justiça divina. São criativas e perceptivas e têm uma ótima memória, podendo divagar sobre vidas passadas com muita naturalidade. Também tendem a ser hiperativas, porém, nem todas as crianças hiperativas são índigos e vice-versa. São provas de uma evolução da consciência humana. Pacificadoras por natureza, almas velhas e sábias, uma grandiosa esperança para o futuro do planeta. Associam os pensamentos á ação como meta de vida. Trabalham a mudança de si para o próximo, diminuindo assim, o egoísmo, inveja e exclusões.
A FAMÍLIA é a “pedra fundamental” onde tudo deve começar, sendo imprescindível haver relações verdadeiras e muita negociação, gerando assim, autenticidade, transparência e maior confiança nos inter-relacionamentos. Nas ESCOLAS, é preciso uma nova filosofia para uma adaptação aos interesses dessas crianças. É preciso ensiná-los como pensar e não o que pensar. Passar sabedoria ao invés de conhecimento. É extremamente difícil para essas crianças permanecerem em um sistema em que elas não sentem autenticidade. As escolas devem colaborar e os pais educarem. É necessária uma profunda revisão nos objetivos e limites da educação escolar, para que se possa adaptar aos potenciais dessas crianças. São embaixadoras da paz, precursores da fraternidade. Precisam ser lapidados para uma paz nunca antes vislumbrada na história do planeta. Sua razão maior é introduzir na humanidade a honestidade, cooperação e amor. Diante de tudo isso, nossas habilidades telepáticas naturais serão restabelecidas, mentir será impossível. Segundo alguns autores, as crianças índigo são assim chamadas porque são iluminadas por uma aura azul-índigo, que estaria associada à mente (chacra frontal) e à espiritualidade (aura de cor índigo). De acordo com as características de cada uma, são assim divididas:

As humanistas: Articuladores das massas. São facilmente reconhecidos por terem facilidade em fazer amizades.
Conceituais: Conhecedores e intelectuais. Estão mais envolvidos com projetos do que com pessoas.
Os Artistas: Sensíveis e intuitivos, são muito criativos.
Interdimensionais: Têm sempre novas filosofias e espiritualidade incomum.

CARACTERÍSTICAS QUE AJUDAM A IDENTIFICAR UMA CRIANÇA ÍNDIGO:

São sensitivos, tendo ouvidos e olhos para detectar o “impossível”;
São sensíveis à música, á pintura, paisagens grandiosas e á beleza em geral;
Vêm o mundo com sentimentos de realeza;
Têm excesso de energia;
Transparecem ser anti-sociais;
Fácil distração ou baixa concentração;
Necessitam emocionalmente de estabilidade e segurança de adultos em volta delas;
Não toleram autoridade;
Têm dificuldades no aprendizado tradicional, necessitando de atenção especial;
Frustram-se facilmente;
Têm dificuldades de memorizar mecanicamente;
São inquietos. Ficam sentados e envolvidos apenas quando o assunto é de seu interesse;
São muito compassivos, tendo muitos medos, como o da morte;
Devido a decepções ou falhas, podem desenvolver bloqueios;
Estão sempre preocupados com guerras, fome, problemas ambientais e animais maltratados e abandonados;
Interessam-se por história, religião e arte;
São abertos e honestos;
Ao encontrarem-se no marasmo, fazem-se arrogantes, porque sentem necessidade de novos desafios e limites;
São extrovertidos; originais; determinados; tenazes.

Quando adultos podem se tornar sensíveis à eletricidade. São expressivos sexualmente, mas podem em outros momentos, recusar a sexualidade por aborrecimento ou para manter um elo maior com a espiritualidade. Podem optar por relacionamentos sexuais diferentes. Ao alcançar o equilíbrio, transformam-se em indivíduos realizados, fortes e felizes.

A necessidade de nobres valores faz surgir mudanças há muito tempo esperadas no planeta. É preciso regenerá-lo, transformando-o em um mundo melhor, por isso os seres índigos estão entre nós, para ajudarem a despertar essa necessidade.
Fontes de pesquisa:
www.flordavida.com.br
www.casa-indigo.com
Revista Espírita Além da Vida

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

QUANDO COMEÇARAM A ME CHAMAR DE SENHORA...

Quando começaram a me chamar de senhora, assustei-me. Não me senti eu mesma. Era outra. Alguém a quem não conhecia e não queria conhecer. Quando cheguei a minha casa, a primeira atitude que tive foi olhar-me através do espelho e como uma cientista detalhista, examinei cada recanto de minha face para comprovar a mim mesma se merecia ser chamada de senhora. Sabem? Não descobri muitas rugas, ou então estou sendo condescendente comigo mesma, porém, uma fenda em volta da boca, o cansaço em volta dos olhos junto às marcas de anos de uso de óculos e alguns fios de cabelo branco me acusaram. Mesmo assim, perscrutei-me se somente esses contratempos faziam-me ser chamada de senhora. Então, iniciou-se uma luta entre o meu eu contra o meu outro eu. É claro que chegaria um dia em que eu teria que me entender com o espelho e com a palavra “senhora”, afinal, já estou com 53, apesar de que os números não fazem jus a minha aparência. Ora, não existe “senhora” como pronome pessoal. Segundo o Dicionário on-line de português, “senhora” significa “Tratamento cortês, dispensado a uma mulher casada e, em geral, a qualquer mulher de certa condição social”. Mas... Então por que estão me chamando de senhora? Não sou nenhuma celebridade, nem casada, minha condição social é discreta...  Sou apenas eu, e o pronome usado para uma pessoa se dirigir a mim, seria o pronome pessoal de terceira pessoa: você.  Que loucura! Eu não quero ser uma senhora só porque tenho uns fios brancos e algumas rugas ainda superficiais. As pessoas insistem em usar o tratamento “senhora” para quem já chegou nos “enta” (quarenta, cinquenta...). Tá, não sou mais uma menina, não sou jovem, e que eu não me iluda porque há mulheres que têm menos números que eu e aparentam ser muito mais senhoras; que eu não me iluda porque as pessoas dizem que eu não aparento ter a idade que tenho. Melhor aceitar que dói menos? Não, não sou de me conformar. Minha sobrinha mais velha já tem 25. Duas sobrinhas-netas. Prefiro ficar no aconchego de minha casa a sair para baladas. Praia, só depois das 3. Prefiro pousada a acampamento... Algumas dores na coluna, nas articulações... Aderi ao RPG e fisioterapia. Para a arte, sinto-me mais madura e mais seletiva e já não tenho mais paciência para assistir a tudo que chamam de arte. E falta de paciência é também sinal de velhice? A idiotice das pessoas me cansa. Cansam-me também a ignorância e a falta de vontade de aprender. Estou realmente ficando senhora? Estou sendo derrotada pelas evidências? Maturidade é um dos sinônimos para velhice? Estou me condenando cada vez mais. Os problemas de saúde me rondam, mas meu corpo é forte, no final, tudo não passa de alarmes falsos. O colesterol é meu Calcanhar de Aquiles, já não posso comer tudo que me dá prazer. Hoje em dia me vejo em roda de conversa com outras senhoras, discutindo taxas de glicose, colesterol, crises de gastrite, etc. Coisa que nunca imaginei participar; é como estar em um grupo de mães, esposas e donas de casa discutindo seus afazeres. Mas não me rendo.  Afinal, não está me faltando fôlego. Antigamente, corria menos que corro hoje. Nunca havia participado de competições, coisa que hoje faço com constância e prazer. Além de correr, também faço trilha. Tentando afastar a velhice. Senhora? Dizem que sorriso rejuvenesce. Então estou sorrindo mais. Não desisto de não permitir que a “senhora” me abduza, nem de não me resignar com a velhice chegando. Posso vigiar minha alimentação, expulsar a preguiça e sorrir, e assim envelhecerei dignamente. O fato é que exibo externamente uma idade de senhora e um físico saudável e firme, e uma alma jovem que ainda habita em mim e que não é compatível com a quantidade de anos que já vivi. Porque não é a aparência física que conta, mas sim a energia fundamental, que vem da alma e que nos mantém ativos, vivos, joviais, e que reflete no corpo. Então, vocês aí, não precisam me chamar de “senhora”, não é cabível ao meu estado de espírito. 


Por Denise Constantino

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

SAUDADE DA INFÂNCIA

Foi uma vez uma infância. Faz tanto tempo e ao mesmo tempo, não parece tanto tempo assim. Foi uma infância eclética: gostava de brincadeiras de menina, mas também me divertia muito com brincadeiras de moleque. As melhores lembranças daquela infância ficaram no quintal da casa da minha tia, no topo de um morro, de onde se tinha uma bela vista de toda a cidade. Irmãs, irmãos, primas e primos. Brincávamos juntos subindo em árvores, de esconde-esconde, caçando borboletas (naquela época ainda não pensávamos em preservar o meio ambiente), pulando riachos e fazendo de conta que éramos grandes exploradores da selva. Também brincávamos de cantigas de roda, quando o “Atirei o pau no gato” não passava de uma cantiga inocente; hoje é considerada apologia à violência. Mudaram os gatos, as crianças ou a consciência humana? Outra brincadeira que gostávamos era “Passarás, passarás, algum deles há de ficar...” Ah, como era difícil escolher! E hoje, já todos crescidos, muitas vezes nos perdemos na dúvida cruel, com pressões para escolher um lado, como se disso dependesse nossa sobrevivência. E o “Corre Cotia”? Para quem tinha muita energia e quem não tinha pernas vigorosas, era pego com lencinho na mão, ou então, se esborrachava no chão e sempre havia o lencinho para limpar o ferimento no joelho. Tudo tem uma relação: na brincadeira “Boca-do-Forno”, faz-se tudo o que o mestre mandar e até hoje não fazemos?
            Mais crescidos, as brincadeiras mudaram. Quem disse que crianças e jovens não gostam de frutas? Faziam logo uma “Salada mista”, onde entravam todas as frutas, e os mais gulosos sempre escolhiam “salada mista”, com risinhos vergonhosos e euforia de jovem que se aventurava em ações ainda proibidas, não se contentando apenas com um aperto de mão, um abraço ou um beijo no rosto.
            Minha infância foi muito marcante. Uma diversidade. Uma polivalência. Penso na infância de hoje, o quanto é diferente. Hoje, as crianças não brincam na terra, com os pés no chão, não têm muito acesso a árvores para escalá-las. Não precisam brincar de “Salada mista” para dar beijinhos naqueles ou naquelas que hoje se chamam “crush”. Hoje, já se dá beijos em plena infantilidade, com sabor de uma vida adulta precoce. Hoje, se os pais levam as crianças para uma fazenda, elas ficam ansiosas para voltar para a cidade. Sentem falta do asfalto, do wi-fi, de caçar Pokemóns. Eu parei naquela infância, sinto falta da natureza. Onde antes, pisávamos em terra, hoje pisamos em cimento. Claro que não podemos mais caçar borboletas e aprisioná-las, mas podemos caçá-las e observá-las, e já que estão cada vez mais raras, aprisionarmos a imagem delas em nossas mentes.
            O que realmente faltou naquela infância foram os livros. Livros eram artefatos desconhecidos naquela casa de família humilde, em que meus pais viviam do trabalho pesado e mal conheceram os cadernos. A paixão por livros nasceu espontaneamente, como um destino já desenhado e que só foi descoberto na adolescência, junto com a descoberta do mundo e do “Penso, logo existo”. Desde então, os livros foram adotados como companheiros fiéis. Hoje, quando leio um livro infantil, penso: “não tive livros na infância porque eu já vivia uma história de livros, eu estava dentro de um, que pode já ter sido escrito... ou ainda será.


Por: Denise Constantino

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O OBSERVADOR


Plumas selvagens, cheias de cor
destacam-se no opaco verde da mata
ele muito cansado, pousou
de frente para uma brilhante cascata.
Do alto da árvore contemplou
toda nossa vida transformar-se em nada
e as florestas morrerem queimadas
viu homens tão brutos sem amor
viu pais e filhos mergulharem em dor
viu a água secando sendo absorvida
viu a Terra chorar sendo destruída
viu a mulher abandonar o rebento
viu crianças fugidas em tormento
viu político governar como ladrão
e o ser humano perdendo-se na ambição.
E ali não descansou o observador
alçou voo com asas em riste
para onde não sabe se existe
um lugar onde se observe o amor.

Por Denise Constantino da Fonseca
Pintura: Rafaela Maia


A MINHOCA

No asfalto escaldante ia
A minhoca no verão de janeiro
Dobra e estica medindo o asfalto
Que maior parecia a cada arrasto
Já que carros iam e vinham
E a minhoca não viam.

Por: Denise Constantino

terça-feira, 9 de agosto de 2016

SOMOS SUBSTANTIVOS OU ADJETIVOS?

“Você conhece fulano”? “Não”. “Conhece sim! Fulano, aquele baixinho”. “Ah! Sim, conheço”. Esse diálogo não faz parte de um conto, é real. O fulano pode ser qualquer um, eu, você... Essa é uma cena que acontece, geralmente, quando não conseguimos lembrar o nome de alguém. O nome de alguém é substantivo próprio. E alguém é substantivo indefinido. O fato é que quando não conseguimos associar uma pessoa ao nome, mencionamos os atributos físicos: baixinho, gordinho, moreninho, estrábico, manco, barbudo, etc. Sempre achei que as pessoas, gramaticalmente falando, faziam parte da classe dos substantivos próprio, concreto, simples assim. E agora, corremos o risco de sermos taxados como adjetivo, e pior, de conotação pejorativa. Se for para ser adjetivo, pelo menos que seja algo mais estimulante e enobrecedor como: inteligente, gentil, trabalhador, esforçado, sensato, bonito, justo...

            Mas, essa associação tem uma explicação diante da conjuntura atual da humanidade. Estamos em um mundo de aparências, já dizia nosso eterno Platão. Julgamos as pessoas, o que já não é correto (ninguém pode julgar ninguém), pela aparência e pelo que ela tem e por isso, quando conhecemos alguém, o que mais nos chama a atenção e guardamos na mente são seus atributos, geralmente físicos e materiais. Seria demais exigir que nos lembremos dos nomes de todas as pessoas que conhecemos, mas também não é nada agradável associar adjetivos depreciativos a elas. Adjetivo é qualidade e qualidade, como o próprio nome já diz sugere algo positivo, como “qualidade total”, ISO 9000 e outros mais; excelências ambicionadas pelas grandes empresas. Somos pessoas, substantivo comum no plural, com nomes próprios e cada um com suas qualidades morais, que são as que garantem nossa evolução como seres humanos. As qualidades físicas são efêmeras, relativas e indiferentes, sejamos feios ou bonitos, todos fazemos parte da mesma imensidão que é o universo. 

Por Denise Constantino

PARA QUÊ SERVE A POLÍTICA

O termo “política” tem sua origem no grego “politiká”, que deriva de “polis”, designação do que é público. Política é a ciência de governar um Estado ou nação e é uma arte de negociação para compatibilizar interesses, ou seja, a arte de conciliar interesses. E quando nos referimos à política pública, esses interesses devem ser públicos, que quer dizer “do povo”.
            Aprofundando um pouco mais, o termo também pode designar um conjunto de regras e normas de uma determinada instituição, como por exemplo: a política de contratação de pessoas de uma empresa. Já Maquiavel, em seu livro “O Príncipe”, define política como “a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo”. O poder político define que alguém governa sobre o outro. Quem governa tem exclusividade do uso da força sobre grupos que se encontram sob sua influência. O poder político possui três características: não permitir que surja outra organização concorrente que exerça o poder que ele já detém; intervir de forma autoritária em todas as esferas para que as atividades destas vão somente de encontro aos fins desejados pelo governo e por fim, a capacidade de tomar decisões para toda a coletividade, a que chamamos de Universalidade. Esperamos que a política seja universal e o poder político exercido para garantir os direitos e interesses do povo. Para isso, elegemos vereadores, prefeitos, governadores, deputados e presidente da República. Por isso chamamos de interesse público e não de interesse individual do governante. Satisfazer o interesse público engloba muitos fatores, como a forma de governar do eleito. O fator primordial é não fazer com que a conotação positiva da palavra política se transforme em algo negativo, a que chamamos de politicagem. Satisfazer as ambições dos militantes partidários com cargos que requerem alto grau de competência, conhecimento técnico e especificidades, pode ser o início da derrocada de um governo que cativou o interesse público.
            A chamada “dança das cadeiras” é o clichê de toda troca de governo e o idealismo político de algumas pessoas já se confunde com a ambição por cargos de poder dentro dos órgãos públicos. A competência e o mérito são características não reconhecidas no dicionário da politicagem e por isso a máquina governamental passa a imagem de enferrujada, travada, ultrapassada e nunca se moderniza porque o ranço do serviço público está impregnado em todos os poros. Cito aqui uma metáfora: os cristãos, mesmo nas arenas, prestes a serem devorados pelos leões, não negaram Jesus e morreram todos, sacrificados. Esta citação parece um filme que se repete toda vez que o governo muda de mãos. E vale lembrar a leitura de três dos princípios (mais cabíveis nesse momento) básicos da administração pública: Impessoalidade, Moralidade e Eficiência.
            O povo brasileiro precisa de um governo, gestão, administração... competente, eficaz, onde os órgãos e cadeiras sejam ocupados por pessoas capazes, que queiram realmente trabalhar, independente de partido político, idealismo, partidarismo, raça, credo, etc. Lutemos para que os princípios administrativos, imprescindíveis no setor privado sejam também aplicados no setor público, o que geraria um lucro altamente benéfico para todos os interessados internos (o setor público em sua totalidade) e externos (nós, o público votante).
            Lembrando o Platonismo, enquanto essa urgente e necessária realidade do mundo ideal não é copiado nesse mundo sensível e isso só tarda devido a nossa própria irresponsabilidade, restam aos sobreviventes a humildade, a paciência, resignação, perseverança e capacidade de adaptar-se a mudanças, porque uma porta se fecha para uns, mas se abre para outros e depois acontece o inverso. É como ser o primeiro da fila e depois ter de voltar para o final. Um ciclo, apenas.

Texto: Denise Constantino


VIAJAR SEMPRE

Certo navegador disse que em casa mostramos nossos piores defeitos. Por isso, presume-se que devemos viajar sempre para amenizar nossos defeitos, praticar a tolerância e a paciência. Tolerância para com as pessoas mal educadas que gritam nos corredores do hotel e acordam todo mundo que poderia dormir um pouco mais. Com aqueles que fazem algazarra na piscina do hotel quando o que queremos é só relaxar ao sol, dar um mergulho e ficar em completa letargia. Paciência nas rodoviárias ou aeroportos com os atrasos. Paciência nas estradas durante congestionamentos e tantos “pare e siga”. Eu entendo o grande navegador. Em casa, temos a liberdade e a privacidade necessária para mostrarmos quem realmente somos, sem maquiagem, para expor nossas piores facetas, a sombra, conforme o pensamento Junguiano, nossa revolta, nossas mágoas e nossas angústias. Porque em casa temos de acordar cedo demais para ir trabalhar, não antes de cuidar dos pets, preparar o lanche do dia, viajar durante 40 minutos e passar o dia todo suportando pessoas com personalidades diversas e difíceis com quem somos obrigados a conviver boa parte do dia e que entram em choque com a nossa própria personalidade. E depois de um dia inteiro de trabalho, trancafiados em uma sala quadrada, de muito calor ou frio, porque em todo local de trabalho há uma discordância tradicional em relação à potência do ar condicionado, vamos embora para casa.  Passamos no supermercado, nos assustamos com os preços, enfrentamos a fila para comprar carne e depois a fila no caixa. Se estamos na fila de caixa rápido com 10 volumes e vemos alguém na frente com 20, temos de fingir tolerância ao próximo, fingir que não estamos vendo e que não somos cidadãos com direitos e deveres, fingir como a funcionária do caixa, tudo para evitar um bate-boca ou uma violência maior. E quando chegamos a nossa casa, temos de limpar os excrementos dos pets, trocar água e abastecer os portes de ração, e olhamos a bagunça e desarrumação na sala, que idealizamos como sala de revista de decoração. E vemos que o cesto de roupas sujas está cheio e que o chão está coberto de cabelos perdidos devido ao estresse, que a pia está lotada de louça suja e o fogão sujo de gordura e seu estômago reclama de fome. E depois de deixar tudo em ordem, catar as roupas depositadas em locais que não são cabides e ainda encontrar força para levar o cachorro para caminhar e aproveitar para também gastar umas calorias, pensando em ficar com a barriga “tanquinho” para o verão. E aí, depois de um banho e pensar no que vai comer, lembrar que há uma pilha de roupa para passar e o calor está insuportável para enfrentar um ferro. E antes do sono reparador, que já sabemos, não vai ser o bastante, caçar e eliminar os mosquitos sugadores do que restou do nosso sangue. Depois de tudo isso (e olha que nem citei filhos e marido) é quase impossível ser alguém sem defeitos.
            Sim, vamos viajar. E fazer de conta que essa vida não nos pertence. Que somos reis e rainhas, sermos servidos, desfrutar apenas. Entrar em um patamar de lerdeza e em um simpósio do NADA. Apenas não fazer nada e esquecer a vida que temos em casa, igual a de milhões de pessoas, geralmente mulheres. Façamos de conta que somos mais que especiais. Conheçamos outras pessoas, outras paisagens, contemplemos o mundo, as belezas da natureza, o tudo, fazendo nada. E quando esses momentos acabam é como viver a vida da Gata Borralheira, correr para a dura realidade... a nossa casa.

 P.S.- Em detrimento a toda essa divagação, voltar para casa sempre é bom, mesmo sendo maravilhoso viajar. Afinal, nosso teto é o nosso refúgio, onde nos sentimos protegidos e acolhidos e onde vivemos a plenitude da família.

Por Denise Constantino

CORAÇÃO DE MÃE

É incrível o instinto de mãe, até mesmo nos animais mais estúpidos ou ferozes. Eu não sou mãe, mas se fosse, meu instinto maternal também seria guerreiro. Há pouco tempo vi na televisão, em uma das poucas reportagens que não tinha sangue, corrupção e jogo de poder, um gato que adotou um macaquinho; mamãe urso salvando seu filhote de uma rede que estava sendo arrastada por um carro; a mãe que tirou o filho da boca de um jacaré e outros casos que nos fazem ainda crer que o amor não está escasso, porque diante de um mundo tão controverso, cruel e insano, mesmo um amor tão óbvio, esperado e compulsório, nos emociona. Mas, o que me motivou a escrever esta crônica, por incrível que pareça, não foram os humanos, mas os animais, em especial um tipo que venho observando nas proximidades de meu trabalho, à beira-mar (por favor, não sintam inveja) __ as aves. Estas, que parecem tão inofensivas, com suas coloridas e belas plumagens e cantos hipnotizantes, viram verdadeiras feras quando percebem alguém aproximar-se de suas crias, desde os ovos até a independência dos filhos. No momento, estou pesquisando um casal de quero-quero. A mãe está chocando os ovos embaixo de uma árvore, na areia da praia. É um local de fácil acesso para os frequentadores. O pai fica de guarda nas proximidades. Todos os dias, depois do almoço, pego minha cadeira e vou para a siesta, na praia, onde leio, escrevo, cochilo e observo os quero-quero. Quando me aproximo os quero-quero gritam como se estivessem sendo açoitados e ameaçam atacar. Não quero lhes fazer mal, só quero descansar. Eu não perturbo vocês e vocês não me perturbam. Falo como se eles pudessem me entender. De alguma forma, eles se aquietam. A mãe torna a deitar sobre os ovos e o pai fica de longe, vigiando meus movimentos com seus olhos vermelhos, olhos de quem passou a noite toda no bar, bebendo cachaça. Nos últimos dias eles não têm se alarmado tanto com a minha presença. Devo ter me tornado íntima. Adquiri um fortíssimo instinto de proteção aos bichinhos e se vejo alguém se aproximar, faço coro com os quero-quero: mantenham distância, não se aproximem, alarme, alarme, cuidado com os ovos.
Da minha sala de trabalho ouço-os gritando nervosos e logo me alarmo imaginando se alguém vai lhes causar algum mal. Minha sintonia com essas aves é tão grande, que talvez seja madrinha de seus filhos.

 Por: Denise Constantino

ORGULHO DE BRASILEIRA

Chorei quando vi uma parte bem sintetizada da abertura das Olimpíadas. Gisele Bündchen desfilando ao som de “Garota de Ipanema”. Todas as luzes, cores, efeitos especiais, a singeleza também... O 14 Bis decolando! Os atletas carregando bandeiras, desfilando alegres, orgulhosos por estarem representando seu país. Os atletas veteranos, que tanto nos proporcionaram alegrias no passado, Hortência e Gustavo Kuerten levando a tocha até Vanderlei Cordeiro de Lima, que por sua vez, acendeu a pira olímpica, iniciando, oficialmente a abertura dos Jogos Olímpicos do Brasil. Bateu um orgulho de ser brasileira. Um patriotismo que já estava esquecido há algum tempo no fundo do coração, encarcerado pela vergonha de viver em um país em que educação e saúde definham vertiginosamente, para não citar outros quesitos, e estamos assistindo a tudo isso cada vez mais doentes e descrentes, em um país em que aqueles em quem deveríamos confiar nos apunhalam pelas costas em prol do dinheiro e do poder. O patriotismo foi substituído pela revolta e repúdio a eventos como as Olimpíadas. Mas, assistindo à maravilhosa abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, que foi elogiada pela mídia mundial, veio até uma onda de lágrimas em meus olhos sensíveis e faz-me pensar como é bom sentir o sangue de brasileiro correr nas veias, vibrar, torcer, sentir a adrenalina, gritar por nossos jogadores ou competidores e como é catártico quando uma medalha é conquistada. Não podemos negar, é uma festa bonita e até mesmo aqueles que atacaram a tocha olímpica, se renderam ao espetáculo proporcionado a milhões de brasileiros. É histórica, tradicional, cultural; onde o esporte é enaltecido e comemorado. E o que o esporte nos proporciona? Saúde, bem-estar, conquistas, aprendizado, renúncia, como enfrentar desafios, como vencer obstáculos, superação. Tudo isso não é uma boa forma de educar nossos filhos, por exemplo? Pois bem, podemos aprender muito com o esporte. O esporte é algo do bem. Ele salva vidas mergulhadas na depressão, na doença e nas drogas, tira crianças ociosas das ruas. E as Olimpíadas ou a Copa do Mundo são uma forma de divulgação do esporte. Só há um problema no meio desse Bem, a mão podre do homem. A culpa não é das Olimpíadas ou do revezamento da tocha, que é um ato simbólico e histórico, que anuncia o início dos jogos. O erro está na má gestão de nosso país, a má gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros. O erro está na ambição desmedida de nossos governantes e empresários, que não se contentam com seus salários altíssimos, que querem sempre mais, que se corrompem e corrompem perdidamente, sem medir consequências.
            Repito aqui, saibamos escolher nossos governantes em meio ao ninho peçonhento de políticos que nos cercam a cada quatro anos para sugar tudo o que temos de bom em nosso lindo e rico país. Só assim, poderemos nos regozijar de ser brasileiros e vibrar como patriotas, festejar sem culpa ao ver nossos atletas nos representando bravamente em uma competição.


Por: Denise Constantino – 05/08/16

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A CHAMA QUE NÃO SE ACENDEU

            A chama olímpica evoca a lenda de Prometeu que teria roubado o fogo de Zeus para entregar aos mortais. Como consequência de seu ato, Zeus, temendo que ele ficasse mais poderoso que os deuses, puniu-o colocando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade, enquanto uma grande águia comia seu fígado, que crescia e era comido novamente, todos os dias.
Foi a partir dos jogos de verão em 1936, que ocorreu o revezamento de atletas para transportar a tocha com chama. A partir de então, manteve-se a tradição de transportar a tocha olímpica com um revezamento por terra até a cidade-sede dos jogos e na cerimônia de abertura, acende-se a pira olímpica, que se mantém acesa até o encerramento das competições.
            A descoberta do fogo na pré-história foi fundamental para o homem iniciar seu caminho rumo à civilização, o que o diferenciou dos outros animais. O fogo proporciona calor, luz e prepara alimentos e bebidas. Além disso, na antiguidade, o fogo era considerado sagrado por muitos povos que o cultuavam como símbolo do sol, que por sua vez, seria o símbolo do Ser Supremo. Basta nos lembrarmos do culto ao fogo nos lares (através de fogueiras); nas noites de São João; nos rituais de diversos povos e religiões que acreditavam que o fogo purifica, como por exemplo: os Taoístas, os Hindus, os Zoroastras, as tribos árabes, os romanos, os gregos, os Celtas e outros. O fogo é símbolo de purificação e regeneração; queima e consome; faz renascer e também desaparecer. Por isso, durante a inquisição, queimavam-se os considerados inimigos da igreja, para purificar sua alma. Ainda citando a importância do simbolismo do fogo, citamos Fênix, que sem o fogo não poderia renascer das cinzas.
            Essa longa introdução para explicar a simbologia do fogo e seu papel nos jogos olímpicos é somente para contar a passagem da tocha olímpica por Angra dos Reis, no dia 27 de julho de 2016, que deixou o nome do município nas manchetes dos jornais impressos e eletrônicos. Um grande fiasco. Fiasco esse que começou quando o Brasil foi escolhido e aceitou ser o país-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O mal deveria ter sido cortado na raiz. Não foi, e o que se viu em Angra dos Reis foi uma encenação  patética que não deu certo. Os brasileiros se declaram contra o desfile da tocha, mas alguns se candidataram para carregá-la, com suas histórias de vida, de luta, de resistência, de resiliência, e um número expressivo da população saiu de suas casas, deixaram de assistir novelas, somente para ver o desfile triunfal. Grupos se formaram para manifestarem o repúdio ao evento, que está roubando ou raspando as economias dos cofres públicos municipais, cuja gestão está mal na fita, devendo salários aos funcionários e pagamentos aos fornecedores. Até aí tudo bem, todos têm direito de expressar suas contrariedades. Mas, no meio desses trabalhadores revoltados, encontram-se também aqueles que roubam a cena muito mais que esses devotados trabalhadores. Não roubam a cena somente porque usam a camisa em lugar pouco comum, no rosto, mas pelas atitudes violentas e de vandalismo que cometem e levam pessoas inocentes a um turbilhão de medo e insegurança. Tudo começou na saída da tocha, no bairro Japuíba. Quebra-quebra. Batalhão de choque da polícia. Bombas de efeito moral, gás lacrimejante, correria, tumulto. Olhos ardendo. Ônibus depredados. Enfrentamento. E o sonho daqueles que se regozijariam levando a tocha por 200 metros, foi por fogo (ops... água) abaixo. A tocha foi apagada e junto com os escolhidos, acuados, seguiu de ônibus até o centro da cidade. Na Praia do Anil, destino final, onde se acenderia a pira, o cenário não foi diferente. Um amontoado de elementos correndo, fogos estourando e olhos ardendo. Quando um grupo corre, ninguém quer esperar para perguntar por quê. Todos correm juntos. E assim começou uma correria desenfreada. Vi mães aflitas para protegerem seus filhos. Vi crianças chorando. Vi pessoas se machucando ao correr para um lugar mais seguro. E o desfecho da tocha olímpica foi deprimente. Não acenderam a pira. A chama não foi acesa. Prometeu nos entregou o fogo e o apagamos, em vez de cultuarmos. Atos como os que vi no dia 27 de junho estão longe de serem atos civilizados. O que não nos damos conta é que há muito tempo, mesmo antes da chama olímpica passar por aqui, nosso fígado já vem sendo devorado todos os dias.
 Tudo isso parece um mau presságio para os dias seguintes, quando os jogos realmente começarem e toda a atenção estará mais precisamente sobre a cidade do Rio de Janeiro. Ameaças terroristas. Agravamento da crise econômica após as Olimpíadas... Tudo que uma chama poderia consumir? O que precisaremos, com certeza, é renascer das cinzas. Das cinzas dessa tocha apagada. Das cinzas inexistentes da chama que não foi acesa em Angra dos Reis. E já que para renascer precisamos do fogo, que possamos criar nosso próprio fogo, não da forma pré-histórica, mas com o calor da paixão, da esperança e da sensatez, para que possamos fazer melhor nossas escolhas, inclusive a de nossos governantes. Assim, quando um evento do porte do revezamento da tocha olímpica acontecer, possamos ter a oportunidade de comemorar e ter orgulho de nosso país em vez de nos entregarmos ao afã da revolta.


Por: Denise Constantino