quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O MITO DAS BRUXAS

   Foto:www.cranik.com

O cristianismo foi declarado religião oficial do Império Romano (logo eles que trucidaram cristãos nas arenas), por motivos meramente políticos. Porém, ele não atingiu todas as classes da população, apenas àqueles que viviam na parte urbana. Os que viviam nos campos, longe das zonas de comércio e ensino, eram maioria, e permaneceram fiéis aos seus antigos deuses, o Deus de chifres e a Deusa-mãe, e por isso receberam o nome de pagãos. Pagão significa “morador do campo”. O poder de manipulação, domínio e intriga dos poderosos do cristianismo estavam crescendo a cada século e uma de suas estratégias para destruir com as festividades pagãs, foi incorporá-las às suas comemorações religiosas, como: o festival de solstício de inverno que comemorava o nascimento do Deus-Sol, passou a ser o Natal; o festival de Samhaim, comemoração aos mortos, passou a se o Dia de Todos os Santos ou Finados. Apossaram-se também de locais sagrados da Antiga Religião e levantaram igrejas cristãs. Os Deuses foram transformados em santos. O culto Á Virgem Maria veio da importância da Deusa-mãe. Alguns pagãos se renderam à nova religião, outros se mantiveram fiéis à Antiga Religião. Com o tempo, o que restou da religião se misturou à magia popular e práticas do xamanismo dos povos bárbaros, que consistia em feitiços feitos com uso de ervas, bonecos, com intuito de curar, atrair boa sorte, amores e até para fins nada nobres. Para acabar totalmente com o paganismo, os cristãos, liderados pelos poderosos papas e padres, atribuíram aos deuses pagãos a personificação do mal. Os deuses agropastoris Pã e Silene, dotados de chifres e cascos de bode, foram denominados como satã, visto que os cristãos ainda não tinham uma forma para dar ao antagonista do Deus cristão. Para acabar de uma vez por todas com os que se opunham à igreja, formou-se o tribunal da santa inquisição, num tempo chamado de Era das Fogueiras. As primeiras vítimas foram os gnósticos, os cátaros e os templários. Como ainda existiam cultos aos deuses antigos, aproveitaram para, através de acusações de canibalismo e outras, levarem os pagãos, que chamaram de bruxos, às fogueiras, não antes de torturá-los das formas mais brutais possíveis. Além de pagãos, também foram caçados os doentes mentais, homossexuais, pessoas invejadas pelos poderosos, mulheres velhas e solitárias. As mulheres eram despidas e tinham o corpo revistado várias vezes em busca de uma suposta “marca do diabo”. Eram açoitadas, marcadas a ferro, violentadas, e por fim, condenadas como bruxas, eram queimadas vivas. Também passavam pela prova da água, em que os inocentes boiariam, então muitos também morriam afogados. Anciãs que moravam com gatos também eram declaradas feiticeiras, daí a ligação dos gatos com as bruxas. Em relação às mulheres, que foram as maiores vítimas da inquisição, nota-se que essa perseguição também foi mais uma forma de discriminação e preconceito pelo sexo feminino. E, mais estranho, isso tudo veio de uma religião que se dizia “de amor”. Até mesmo os protestantes não perdoaram. Por causa disso, os ditos pagãos passaram a viver na clandestinidade e ainda hoje acredita-se nas bruxas da Branca de Neve e João e Maria. Não serão apenas caricaturas impostas pela discriminação e intolerância dos poderosos que moldaram à moda deles uma religião que deveria ser de amor? Na verdade, a bruxaria consiste em extrair da natureza tudo o que precisamos para ser felizes. As bruxas são simplesmente mulheres conscientes do seu poder e detentoras de segredos mágicos capazes de ajudá-las a transformar a realidade segundo seus desejos. Você que é mulher, se identificou?

Por: Denise Constantino

Fonte: Revista História Viva nº 35 Ano III / www.casadobruxo.com.br

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