quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A TERRA INABITÁVEL- Resenha


A TERRA INABITÁVEL – UMA HISTÓRIA DO FUTURO

POR: DAVID WALLACE-WELLS
CIA DAS LETRAS – 2019 – 1ª ED.


Considerado como o Best-Seller do New York Times, Terra Inabitável começa com a frase: “É pior, muito pior do que você imagina”. Nessa hora, os pelos dos braços e da nuca já arrepiam, parecendo se tratar de uma história de terror. E essa sensação se agrava no decorrer da leitura. Falando em leitura, o livro é dinâmico, com linguagem fácil de entender sem o dicionário do lado. É leve e empolgante, digno de ser devorado em pouquíssimos dias.
Muitos leitores vão achar que o autor exagerou e está sendo apenas sensacionalista, mas se pararmos para analisar os tópicos relatados, percebemos que ele não está sendo tão exagerado como se pode pensar. David Wallace-Wells, jornalista e editor da New York Magazine, dividiu o livro em quatro capítulos e alguns subcapítulos, onde tece seu raciocínio, sua pesquisa e pensamentos sobre diversos acontecimentos e consequências das mudanças climáticas, exemplificando e desenhando um cenário de filme catástrofe, que nos faz lembrar dos blockbusters que lotam salas de cinema, como o filme 2012.
O escritor descreve o que pode ocorrer com a Terra e a sua população se a temperatura subir 1,5°, 2°, 3°, 4° e mais graus. Acreditem, é horripilante só imaginar – calor extremo, colapsos político e econômico, incêndios florestais (olha eles aí), desertificação, falta de água potável, derretimento das calotas polares, migração em massa, fome, chuvas torrenciais, doenças tropicais, furacões, alagamentos, desaparecimento de cidades e até países. Não somente os pobres sofreriam, embora fossem os mais afetados, os países ricos também seriam atingidos, como os EUA, Alemanha e Inglaterra. Sei, também pensei a mesma coisa: “well done”, já que os EUA estão na lista dos países que mais prejudicam o planeta. Mas esse pensamento mesquinho e vingativo é irrelevante diante de tanto sofrimento que veríamos e viveríamos, se realmente o Sr. Wallace-Wells estiver certo.
O mais chocante é que no decorrer da leitura chega-se à conclusão de que o núcleo de toda essa catástrofe é a industrialização, o consumo desenfreado e até mesmo a tecnologia, que tanto cremos ser aliada para facilitar nossa vida. Na verdade, seremos todos culpados e colheremos o que estamos plantando.
Até o Brasil é citado, na página 97, em uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro e seu negligente e irresponsável projeto de exploração da Floresta Amazônica.
Enfim, não darei mais spoiler. Há muito ainda para usufruir do livro. A Terra Inabitável é um bom entretenimento e acredito que chega bem próximo da realidade apocalíptica a que estamos expostos, caso algo não seja feito, urgentemente, para frear a devastação de nosso planeta. Alô, Greta Thunberg.
David Wallace-Wells não é um profeta e nem vidente, talvez só quisesse nos assustar, mas não são o medo e o susto que fazem acender o alarme de sobrevivência em nossa mente? Então valeu, David.

 Por: Denise Constantino



terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Concurso Literário Firjan 2019





 Dia 02 de março de 2019 foi uma data especial para os 10 ganhadores do Concurso Literário promovido pela Firjan/Sesi para os funcionários da indústria do Estado do Rio de Janeiro, que aconteceu no Clube Municipal, em Barra Mansa. Fui contemplada em 5º lugar na categoria Contos e nunca fui tão valorizada como escritora em nenhum concurso literário dos quais já participei e ganhei em primeiro lugar. Após as falas de abertura, leitura dos textos contemplados em 1º lugar nas categorias poesia e contos e premiação em dinheiro para os vencedores do 1º a 3º lugares, os 10 ganhadores foram direcionados a uma grande mesa para procedermos à sessão de autógrafos. Foi muito divertido e valorizante. O coquetel servido foi de primeira qualidade: canapés deliciosos, água, suco, refrigerante e para fechar a noite, espumante. Parabéns aos organizadores da Firjan pela noite agradável, leve e divertida. Que venham outros concursos. Abaixo, segue um trecho do meu conto.

O APOCALIPSE DE OLÍVIA


            O fim tem várias formas e está dentro de cada um.
Não costumava acordar às 10 horas; naquele dia foi um caso à parte. A cabeça, ainda atordoada, demorou a processar que havia um burburinho vindo da rua. Foi difícil levantar. A coluna enferrujada não obedecia ao cérebro, que estava prejudicado pela lentidão dos reflexos. Foram as pílulas. Mas, o que podia fazer? Sem elas não dormia. Quando finalmente conseguiu levantar-se, calçou os chinelos de pano e dirigiu-se a passos arrastados até a janela. Afastou a cortina e olhou a rua. Viu as pessoas correndo aflitas e desesperadas, umas atropelando as outras, carros buzinando e avançando pela rua tomada por uma multidão que parecia insana. Afastavam-se de uma fumaça que ela viu saindo do térreo de seu prédio. “Meu prédio? Tem certeza?” Ouviu um estrondo e outros e mais outros e mais fumaça. Estalos de vigas, um leve tremor. Lembrou-se de cenas parecidas já vistas em filmes catastróficos. Lamentou-se que aquilo estivesse acontecendo, embora não soubesse o quê. Poderia ser um terremoto. Poderia ser um tsunami, ou furacão, ou até mesmo a erupção de algum vulcão perdido, disfarçado, que nunca ninguém poderia imaginar que existia. Mais certo seria um desmoronamento. Provavelmente uma obra mal feita por algum engenheiro mal formado ou uma empreiteira oportunista que usou materiais de quinta categoria. “Mas era o meu prédio que estava desmoronando, louca!”  Será? Não queria muito prestar atenção àquele fato. Poderia ser um fake. Sim, fake psicológico. Aquilo não estava acontecendo. Era apenas um pesadelo. Deveria estar ainda dormindo e não acordada divagando se o mundo estava acabando. E daí se estivesse? Já estava acostumada com fins. Era doutorada em fins. Poderia ministrar aulas em alguma universidade ensinando como atrair e lidar com fins...