“Você conhece fulano”? “Não”.
“Conhece sim! Fulano, aquele baixinho”. “Ah! Sim, conheço”. Esse diálogo não
faz parte de um conto, é real. O fulano pode ser qualquer um, eu, você... Essa
é uma cena que acontece, geralmente, quando não conseguimos lembrar o nome de
alguém. O nome de alguém é substantivo próprio. E alguém é substantivo
indefinido. O fato é que quando não conseguimos associar uma pessoa ao nome,
mencionamos os atributos físicos: baixinho, gordinho, moreninho, estrábico,
manco, barbudo, etc. Sempre achei que as pessoas, gramaticalmente falando,
faziam parte da classe dos substantivos próprio, concreto, simples assim. E
agora, corremos o risco de sermos taxados como adjetivo, e pior, de conotação
pejorativa. Se for para ser adjetivo, pelo menos que seja algo mais estimulante
e enobrecedor como: inteligente, gentil, trabalhador, esforçado, sensato, bonito,
justo...
Mas,
essa associação tem uma explicação diante da conjuntura atual da humanidade.
Estamos em um mundo de aparências, já dizia nosso eterno Platão. Julgamos as
pessoas, o que já não é correto (ninguém pode julgar ninguém), pela aparência e
pelo que ela tem e por isso, quando conhecemos alguém, o que mais nos chama a
atenção e guardamos na mente são seus atributos, geralmente físicos e materiais.
Seria demais exigir que nos lembremos dos nomes de todas as pessoas que
conhecemos, mas também não é nada agradável associar adjetivos depreciativos a
elas. Adjetivo é qualidade e qualidade, como o próprio nome já diz sugere algo
positivo, como “qualidade total”, ISO 9000 e outros mais; excelências
ambicionadas pelas grandes empresas. Somos pessoas, substantivo comum no
plural, com nomes próprios e cada um com suas qualidades morais, que são as que
garantem nossa evolução como seres humanos. As qualidades físicas são efêmeras,
relativas e indiferentes, sejamos feios ou bonitos, todos fazemos parte da
mesma imensidão que é o universo.
Por Denise Constantino
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