terça-feira, 9 de agosto de 2016

SOMOS SUBSTANTIVOS OU ADJETIVOS?

“Você conhece fulano”? “Não”. “Conhece sim! Fulano, aquele baixinho”. “Ah! Sim, conheço”. Esse diálogo não faz parte de um conto, é real. O fulano pode ser qualquer um, eu, você... Essa é uma cena que acontece, geralmente, quando não conseguimos lembrar o nome de alguém. O nome de alguém é substantivo próprio. E alguém é substantivo indefinido. O fato é que quando não conseguimos associar uma pessoa ao nome, mencionamos os atributos físicos: baixinho, gordinho, moreninho, estrábico, manco, barbudo, etc. Sempre achei que as pessoas, gramaticalmente falando, faziam parte da classe dos substantivos próprio, concreto, simples assim. E agora, corremos o risco de sermos taxados como adjetivo, e pior, de conotação pejorativa. Se for para ser adjetivo, pelo menos que seja algo mais estimulante e enobrecedor como: inteligente, gentil, trabalhador, esforçado, sensato, bonito, justo...

            Mas, essa associação tem uma explicação diante da conjuntura atual da humanidade. Estamos em um mundo de aparências, já dizia nosso eterno Platão. Julgamos as pessoas, o que já não é correto (ninguém pode julgar ninguém), pela aparência e pelo que ela tem e por isso, quando conhecemos alguém, o que mais nos chama a atenção e guardamos na mente são seus atributos, geralmente físicos e materiais. Seria demais exigir que nos lembremos dos nomes de todas as pessoas que conhecemos, mas também não é nada agradável associar adjetivos depreciativos a elas. Adjetivo é qualidade e qualidade, como o próprio nome já diz sugere algo positivo, como “qualidade total”, ISO 9000 e outros mais; excelências ambicionadas pelas grandes empresas. Somos pessoas, substantivo comum no plural, com nomes próprios e cada um com suas qualidades morais, que são as que garantem nossa evolução como seres humanos. As qualidades físicas são efêmeras, relativas e indiferentes, sejamos feios ou bonitos, todos fazemos parte da mesma imensidão que é o universo. 

Por Denise Constantino

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